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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Você realmente quer viver um grande amor?

Você realmente quer viver um grande amor?


Por Rosana Braga

Tenho uma amiga que não vai à praia há 12 anos e vive repetindo que tudo o que mais queria era pisar na areia, molhar os pés, tomar sol e tudo o mais que tivesse direito... Você poderia ficar imaginando quais motivos ela tem para não realizar esse desejo que parece ser tão grande e profundo (e quando a gente ouve o discurso dela, parece mesmo!). Poderia pensar que ela tem algum problema grave que a impede de ir ou ainda que more há centenas de quilômetros do mar ou qualquer outro obstáculo que o valha. Mas não! Ela não tem nenhum problema grave e mora há apenas 40 quilômetros da praia. Em menos de uma hora, poderia chegar lá!

Agora, vou te contar outro fato. Tenho um amigo que nasceu sem os braços e sem as pernas. Ele tem a chamada síndrome de Hanhart e do alto de seus 28 anos de idade, embora tenha muitas limitações físicas, é incrivelmente cheio de vida e se quisesse ir à praia, encontraria um jeito em menos de 24 horas, posso apostar! Seus sonhos são outros, mas o fato é que ele faz acontecer um a um, passo a passo, obstinadamente e botando muita gente no chinelo quando o quesito é ‘realização e sucesso’!

Sabe qual a diferença entre ela e ele? É que ele tem um desejo real, tem vontade de verdade, ou seja, tem ATITUDE! Ele faz por onde, vai atrás, aprende, pede ajuda, supera a si mesmo diariamente, mas não desiste do que quer de-jei-to-ne-nhum!!!

E é exatamente essa a diferença entre quem vive gritando aos quatro cantos do mundo que quer viver um grande amor, mas na hora do “vamos ver” não cede, não conversa, não pratica a tolerância e desiste na primeira ou segunda dificuldade..., e quem vai lá e se entrega, paga o preço, arrisca, revê suas crenças, escuta o outro, tenta chegar a um consenso na maioria das vezes e sabe que todo relacionamento passa por crises, fases chatas e obriga a gente a lidar com a irritação causada pela convivência e inevitáveis responsabilidades da vida real.

A triste notícia é que o mundo tá cheio de pessoas que querem viver um grande amor só enquanto ele não passa de uma poesia romântica, de uma idealização, de uma paixão arrebatadora. Enfim, pessoas que insistem em se iludir com a ideia de que os relacionamentos só valem a pena enquanto ardem, enquanto aceleram, enquanto sacodem a rotina. E, assim, se boicotam, são incoerentes consigo mesmas sem sequer se darem conta e, pior, estão sempre muito mais preocupadas em satisfazer seu ego e apontar os defeitos do outro do que em parar e se perguntar:

“Por que embora eu deseje tanto viver um grande amor, não tem dado certo? Como posso me tornar uma pessoa melhor, mais equilibrada e emocionalmente mais preparada para fazer dar certo?

Mas, claro, só se perguntar não adianta nada! Depois de uma autoanálise criteriosa, é preciso ir atrás das respostas, dos caminhos, dos resultados! Como? Bem, se esse é o seu caso, deve saber que, em primeiro lugar, vai precisar de paciência. Muita paciência! Não basta acordar e descobrir que tem muito a aprender, crescer, amadurecer e investir em seu autoconhecimento pra que tudo se resolva e mude da noite para o dia. Para que o tal grande amor chegue para o café da manhã e fique para sempre...

Não conte com isso! Uma vez que você escolha se preparar para viver um grande amor ou comece de fato a vivê-lo, o compromisso consigo mesmo é pra sempre! Quer que dê certo? Quer fazer parte da minoria na estatística do “e foram felizes para sempre...”? Então, meu amigo, minha amiga, prepare-se para uma rotina de atleta. A maratona do amor não é para quem está em dúvida, não é para quem se cansa fácil, não é para quem quer conquistar o pódio ou levantar a taça já no primeiro campeonato!

E tem mais: casamento não é certificado de garantia! Casou? O treino continua. Portanto, se vai entrar na brincadeira, trate de aprender a brincar! Leia livros, faça psicoterapia, cursos, medite, reveja seu comportamento e, principalmente, acima de tudo, escute e pondere o que o outro vem dizendo sobre você, sobre a relação de vocês.

Sei que não é nada gostoso ser criticado ou ter um dedo enfiado nas suas feridas, mas lembre-se que o outro, numa relação de amor, enxerga o que existe de melhor em você, mas também – com certeza – enxerga o que existe de pior! E em vez de acreditar que isso é só ruim, comece a apostar: é exatamente por causa dessa capacidade de enxergar alguém em sua totalidade (e também por tudo de delicioso que a companhia da pessoa amada representa) que amar de verdade e se deixar ser amado vale muito a pena e é o caminho mais curto para a evolução humana!

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